Na capa do caderninho

Este gato que me espia
da outra ponta
não diz nada
só espia, espia, espia

lambe minhas patas
como se fossem mãos
pula a escada
como se tivesse pés
ri
como se fosse mulher
como se não tivesse nada a perder
a não ser
suas próprias sete vidas

yeah man, já!

a onda se desenrola
no lago lento
apago o cigarro
guardo a guimba no bolso
entro de tênis e tudo

A dor da gente não sai no ....

Foi bom te ver outra vez
e só
*
não teimes
essa angústia não é só tua
é de teus irmãos também
conscientes ou não

tolos pecados
segredos, bobagens
desejos, vontades

não penses
*
quando nos vemos de novo?

mal do signo

crise da representação

astronomia

traduzir a estrela
no vidro trincado da luneta

não lê isto em voz alta
pode travar tua língua

Duas entremeadas

entre, durante e antes:
três eixos
do mesmo
instante

*

"pelo riso que se chega ao siso, diria Armando". (Silviano Santiago no pósfacio de "3x4", do Freitas Filho.)

Recomeço aqui este...

Fim de férias
começo da féria
*
quanto siso,
oh, quanta commoditie
mais de mil cobranças
no pregão
*
a cada evento
morre-se um pouco
como ivan, o ilitch
*
no meio da multidão

mal do siso

apertada de grana
afrouxou-se no riso

eu nem vi, quando olhei estava aqui, alternando janelas
salvando definições e modelos
enquanto tenho
conexão

*

vou tomar banho
me arrumar
encontrar alguém
em algum lugar